Popularmente conhecida como “pressão alta”, a hipertensão é uma doença silenciosa, que pode acometer homens e mulheres, nas mais diferentes idades (de crianças até idosos). A hipertensão arterial é uma das doenças mais predominantes no mundo, acometendo cerca de um terço da população. Nas últimas décadas, o número de hipertensos tem aumentado progressivamente, devido a fatores como maior expectativa de vida, maior incidência de obesidade, sedentarismo e de maus hábitos alimentares. A elevada taxa associada ao fato de que apenas metade dos pacientes hipertensos consegue manter sua pressão arterial devidamente controlada mantém a hipertensão com o título de principal fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e AVE.
A pressão arterial é resultado de um produto: Débito Cardíaco x Resistência Vascular Periférica.
Por sua vez, o coração trabalha em dois tempos: Contração para expulsar o sangue (força máxima – sístole) e relaxamento do coração entre as contrações cardíacas (força mínima – diástole).
Quando há aumento no volume de sangue a ser ejetado e a resistência oferecida pelas artérias para a passagem do sangue estiver aumentada, ou seja, quando as artérias se estreitam, o sangue, precisa fazer muita força para conseguir circular por todo corpo, o estreitamento das artérias aumenta a necessidade de o coração bombear com mais força para impulsionar o sangue e recebê-lo de volta, tendo como consequência aumento da pressão arterial. Outra possibilidade é as artérias de maior calibre perderem sua flexibilidade normal, tornando-se rígidas e assim não expansivas para permitir a passagem do sangue bombeado pelo coração. Assim, o sangue ejetado em cada batimento cardíaco é forçado através de um espaço menor que o normal.
A marca registrada da pressão alta é o aumento da resistência vascular. Isto pode acontecer, por exemplo, quando artérias muito finas (arteríolas) se contraem temporariamente devido à estimulação nervosa ou por hormônios presentes no sangue.
Os órgãos alvos da hipertensão são o coração (risco de cardiopatia como a insuficiência cardíaca ou infarto do miocárdio), o cérebro (AVE – acidente vascular encefálico), os vasos e rins (insuficiência renal).
COMO E COM QUE FREQUÊNCIA MEDIAR A PRESSÃO
A pressão arterial deve ser aferida com o paciente na posição sentada, respeitando um período de repouso de 5 minutos, é medida em milímetros de mercúrio e são determinadas duas pressões:
A Máxima - Quando o coração se contrai (sistólica).
A Mínima - Quando ele se dilata (diastólica).
A pressão arterial é transcrita com o valor da pressão sistólica seguido por uma barra e o valor da pressão diastólica. Por exemplo: 120/80mmHg (milímetros de mercúrio).
Medidas com valores iguais ou superiores a 140/90 mmHg são consideradas altas, mas não é possível basear o diagnóstico apenas em uma leitura. São necessárias várias leituras para estabelecer o diagnóstico. Se a leitura inicial apresentar um valor alto, deve-se então, medi-la novamente, em seguida, mais duas vezes e, em pelo menos mais dois outros dias, para assegurar o diagnóstico de hipertensão arterial.
Quanto à frequência, em normalidade, o adulto deve medir a pressão ao menos uma vez a cada um ou dois anos. Já em casos de obesidade, tabagismo, diabetes ou histórico familiar da doença, a periodicidade passa para ao menos duas vezes ao ano. Para quem já é hipertenso o correto é medir pelo menos uma vez na semana para controle.
CAUSAS
Dividimos a hipertensão arterial em duas classificações, de acordo com suas causas:
Hipertensão arterial primária: não tem uma causa específica, desenvolvendo-se ao longo dos anos devido ao envelhecimento, falta de exercício, excesso de peso ou consumo excessivo de sal, por vezes, associada a história familiar de HAS (hipertensão arterial sistêmica).
Hipertensão arterial secundária: Aparece como consequência de algumas doenças como diabetes, Síndrome de Cushing ou problemas renais, por exemplo.
Há muitos fatores que contribuem significativamente para hipertensão, como por exemplo:
Hereditariedade: Recebemos a pré-disposição, que pode apresentar-se em vários membros da família.
Idade: O envelhecimento aumenta o risco em ambos os sexos.
Raça: Pessoas da raça negra são mais propensas a pressão alta.
Peso: A obesidade é um fator de risco
Falta de exercício: A vida sedentária contribui para o excesso de peso.
Má alimentação: pouco consumo de frutas e verduras e aumento do consumo de comida rápida
Sal em excesso: pode facilitar e agravar a hipertensão arterial.
Álcool: O consumo exagerado de compromete a pressão arterial.
Tabagismo: é um fator de risco das doenças cardiovasculares.
Estresse: excesso de trabalho, angústia, preocupações e ansiedade podem ser responsáveis pela elevação da pressão.
SINTOMAS
Como dito anteriormente, a hipertensão arterial é doença silenciosa, só provoca sintomas em fases muito avançadas ou quando a pressão arterial aumenta de forma abrupta e exagerada. Não existe um sintoma típico que possa servir de alarme para estimular a procura por um médico.
Uma pessoa que não costuma medir sua pressão simplesmente porque não tem nenhum sintoma, pode muito bem ser hipertenso e não saber. Da mesma forma, se o paciente é hipertenso, mas também não mede a pressão arterial periodicamente, pode ter a falsa impressão de tê-la controlada. É sabido que em alguns casos, podem ocorrer sintomas como dores de cabeça (cefaleia), no peito e tonturas, alterações na visão, sangramentos do nariz, dificuldade para respirar.
Mas o fato de algumas pessoas terem dor de cabeça ou mal estar quando apresentam pressões arteriais muito elevadas não significa que estes sintomas sirvam de parâmetro. Estas mesmas pessoas podem ter picos de hipertensão assintomáticos e não se darem conta disso. É bom salientar que a dor aumenta a pressão arterial, sendo difícil saber nestes casos se a pressão subiu pela dor de cabeça ou a dor de cabeça surgiu pela pressão alta.
TRATAMENTO
A hipertensão arterial raramente tem cura e o objetivo do tratamento é manter os níveis de pressão controlados (não deixar a pressão ultrapassar 12 por 8), a fim de evitar que órgãos como coração, olhos, cérebro e rins, chamados de órgãos alvo, sofram lesões.
Uma vez feito o diagnóstico da hipertensão, é preciso se submeter a mudanças de estilo de vida antes de se iniciar terapia com medicamentos. Praticar exercícios físicos regularmente, diminuir a ingestão de sal, de bebida alcoólica, parar de fumar, controlar o peso, o estresse e aderir a uma dieta e hábitos de vida saudáveis em geral.
Embora as mudanças de estilo de vida sejam indicadas para todos os casos, é importante ressaltar algumas diferenças. Para hipertensões leves, há casos em que apenas com essas mudanças de estilo de vida consegue-se o controle da pressão arterial. Já hipertensos com níveis pressóricos muito altos (maior que 160/100 mmHg), dificilmente atinge o controle da hipertensão sem a ajuda dos remédios. Pacientes que já chegam ao médico com pressão alta e sinais de lesão de algum órgão devem iniciar tratamento medicamentoso logo, uma vez que o fato indica hipertensão de longa data.
É sempre possível controlar a pressão arterial desde que haja adesão ao tratamento. Para tanto, o paciente precisa fazer sua parte: tomar os remédios corretamente e mudar os hábitos de vida.
O objetivo do tratamento medicamentoso é reduzir a resistência vascular periférica, promovendo vasodilatação. Todos os remédios para hipertensão são vasodilatadores e agem de diferentes maneiras. Os mais antigos, entre eles os diuréticos, por exemplo, se no início fazem a pessoa perder um pouquinho mais de sal e de água, também ajudam a reduzir a reatividade dos vasos. Os mais modernos costumam ser mais tolerados e provocam menos efeitos colaterais.
CONSEQUÊNCIAS
A hipertensão ataca os vasos, olhos, coração, rins e cérebro. Os vasos são recobertos internamente por uma camada muito fina e delicada, que é machucada quando o sangue está circulando com pressão elevada. Tornando os vasos endurecidos e estreitados podendo, com o passar dos anos, entupir ou romper. Quando o entupimento de um vaso acontece no coração, causa a angina que pode ter como consequência o infarto. No cérebro, leva ao "derrame cerebral" ou AVE. Nos rins podem ocorrer alterações na filtração até a paralisação dos órgãos. E nos olhos pode causar lesões na retina. Todas essas situações são muito graves e podem ser evitadas com o tratamento adequado, bem conduzido por médicos. Na maioria das vezes, estas lesões de órgãos importantes causadas pela hipertensão arterial mal controlada podem ser revertidas se tratadas a tempo.
DICAS
SAL - É um mineral importante para o organismo e não deve ser eliminado da dieta dos hipertensos, apenas deve ser consumido com moderação. O ideal é evitar alimentos processados e embutidos que normalmente contem quantidade de sal muito elevada;
DIETA - Adote dieta rica em frutas, cereais integrais e laticínios com baixo teor de gordura;
ESTRESSE - Saiba que o estresse pode aumentar a pressão arterial. Atividade física, técnicas de relaxamento, psicoterapia podem contribuir para o controle do estresse e da pressão arterial;
MEDICAÇÃO – Jamais interrompa o uso da medicação nem diminua a dosagem por sua conta. Siga as orientações medicas e tome os remédios nos horários prescritos. Não esqueça que hipertensão é uma doença crônica e que complicações podem ser prevenidas com o uso de drogas anti-hipertensivas e mudanças no estilo de vida.
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