Exame Físico de Enfermagem (Resumido)

O exame físico possibilita ao Enfermeiro conhecer o paciente diariamente, permite a identificação de informações básicas sobre as respostas humanas e capacidades funcionais do paciente frente à situação apresentada. Os dados subsidiam a identificação dos diagnósticos e intervenções de enfermagem. Além disso, o exame físico permite avaliar a evolução do paciente e a individualização da assistência de enfermagem.

Cabeça e Pescoço

- Observar: dermatite, seborréia, piolho, pediculose, foliculite, calvície ou alopécia;

Olhos:
- Edema de pálpebras;
- Exantelasma (indica acúmulos de colesterol);
- Tersol ou blefarit (inflamação do foículo do cílio);
- Ptose palpebral (queda da pálpebra – cai as duas);
- Miastemia (toda a musculatura tem dificuldade de contração, uma pálpebra cai);
- Lagoftalmia (bolsa de água).

Globo ocular:
- Exoftalmia;
- Enoftalmia.

Conjuntiva ocular e esclera:
- Conjuntivite;
- Icterícia;
- Pterígeo (prega na conjuntiva ocular, carne esponjosa);

Iris e pupila:
- Midríase (dilatação da pupila);
- Miose: contração da pupila, menos de 2 mm;
- Anisocoria: quando um contrai e outro dilata, diâmetros diferentes.

Conjuntiva palpebral:
- Anemia,
- Conjuntivite.

Seios paranasais:
- Sinusite;

Orelha:
- Otite;

Boca:
- Lábios: herpes viral, rachaduras, queilose (no canto da boca), queilite (falta de vitamina, fissura com processo inflamatório);
- Gengivas e bochechas: gengivite, aftas ou estomatites;

Língua:
- Língua saborrosa (língua branca), língua acastanhada (marrom e seca);



Aparelho Respiratório

Inspeção estática:
- Condições da pele, simetria, forma: tonel, funil (peito escavado), quilha (peito de pombo), cifoescoliose, abaulamentos e retrações;

Regras obrigatórias de semiotécnica da inspeção estática e dinâmica:
- Tórax descoberto ou nu;
- Paciente em pé ou sentado em atitude cômoda;
- O examinador deve ficar a 2 metros de distância para ter uma visão panorâmica de todo tórax e aproximar;
- Músculos relaxados, membros superiores caídos ao longo das faces laterais do tórax e abdômen;
- Eliminação adequada;
- Anormalidade assimétrica do tórax.

Abaulamentos e retrações:
- Inspecionar a face anterior, posterior e laterais com o mesmo rigor descritivo;

Inspeção dinâmica:
- Existem 3 tipos de respiração: costo-torácica, costo-abdominal, mista;

Frequência respiratória:
- 14 a 20 mov./min.
- Movimentos >: taquipnéia ou polipnéia;
- Movimentos <: bradipnéia.

Palpação:
- Examinar a sensibilidade, expansão e elasticidade torácica e vibração.

Técnicas:
- Paciente sentado ou em pé com os braços lateralizados;
- Pesquisar alterações isoladamente para os ápices, regiões intraclaviculares e bases;

Percussão:
- Digito-digital.

Ausculta:
- Paciente sentado ou em pé, com o tórax descoberto, respirando com a boca entreaberta, sem fazer ruído;
- Avaliar o fluxo de ar através da árvore traqueobrônquica, o espaço pleural e identificar presença de obstrução no pulmão;
- Os movimentos respiratórios devem ser regulares e de igual amplitude;
- Comparar regiões simétricas, metodicamente, do ápice até as bases pulmonares.

Alterações:
- Estertores secos: comagem (asma)
-  Estertores úmidos: crepitantes (pneumonia), bolhosos (subcrepitantes).



Sistema Cardiovascular

Posição:
- O paciente é posicionado em decúbito dorsal elevado a 30º, ficando o examinador do seu lado esquerdo ou direito;

Ausculta:
- 1º foco aórtico: 2º espaço intercostal; direito;
- 2º foco pulmonar: 2º espaço intercostal esquerdo;
- 3º foco tricúspede: 4º espaço intercostal – borda esternal esquerda;
- 4º foco mitral: 5º espaço intercostal (ictus cordis);
- 5º foco aórtico acessório: apêndice xifóide.



Aparelho Genito-urinário

- Características da urina: volume, cor, odor, turvação, precipitações;
- Alterações miccionais: oligúria, disúria, anúria,  polatúria,  hematúria, incontinência urinária, retenção urinária, inurese;
- Cólicas renais;
- Percussão: Giordano - não deu cólica; Giordeno + (positivo) deu cólica renal;



Sistema Gastrointestinal

Abdômen 
Inspeção:
- Observar a forma, abaulamento, retração, circulação colateral e localização da cicatriz umbilical.
- Parâmetro normal: na posição em pé em perfil e no decúbito dorsal: apresenta a hemi-abdome superior deprimido e o inferior com ligeira proeminência projetada na face anterior do abdôme.
Problemas de enfermagem:

Abdômen:
Parâmetro normal: o abdômen deve ser plano e sua rede venosa superficial não deve ser visualizada;
- Retraído: desidratação, caquexia;
- Abaulamento generalizado: meteorismo, ascite, inguinal, obesidade;
- Globoso: hérnia e eventração umbilical, inguinal, deiscência PO, acesso.
- Parâmetro normal: a circulação mediana supra umbilical da aorta abdominal é somente observada em indivíduos magros (aortismo);
- Circulação colateral na ascite; hipertensão portal e obstrução da veia cava.
- Dilatação da aorta; arteriosclerose e aneurisma;
- Parâmetro normal: normalmente a cicatriz umbilical apresenta-se mediana, simétrica, com depressão circular entre a distância xifo-pubiana.
- Desvio lateral: hérnia, retração de cicatriz cirúrgica, queimadura;
- Protundente: aumenta a pressão intra-abdominal (ascite, tumor).
- Parâmetro normal: o ânus é fechado em diafragma por pregas cutâneas radiadas e suaves.
- Puntiforme: fissura;
- Hipotônico: hemorróidas;
- Deformado: cirurgias pregressa e lesões inflamatórias;
- Infundibuliforme: pederastia (homossexualismo masculino).

Ausculta:
- Através do estetoscópio detecta-se os ruídos peristálticos em toda extensão do abdômen e possibilita a avaliação de toda sua frequência e características. Deve proceder a palpação e a percussão, pois testes podem alterar os sons intestinais;
- Parâmetro normal: os ruídos intestinais são audíveis no mínimo a cada dois minutos, como resultado da interação do peristaltismo com os líquidos e gases.

Problemas de enfermagem:
- Borborigmo: oclusão intestinal por verminose, tumor, volvo.
- Íleo paralítico: pós-operatórios de cirurgias intestinais, inflamação.

Palpação superficial:
- Utiliza-se as mãos espalmadas com as polpas digitais em movimentos rotativos e rápidos nas regiões do abdômen. Permite reconhecer a sensibilidade, a integridade anatômica e a tensão da parede abdominal.
- Parâmetro normal: normalmente o peritônio é indolor à palpação, podendo ocorrer contração involuntária, devido a tensão e as mãos frias do examinador.
- Hiperesia cutânea, hipertonicidade, inflamação.

Baço
Palpação profunda e percussão:
- Posicione o paciente em decúbito lateral direito, mantenha-se à direita com o dorso voltado para a cabeceira da cama. Com as mãos paralelas fletidas em garra, deslize- as desde a linha axilar média E, hipocôndrio E até o epigastro. Esse órgão somente é palpável nas esplenomegalias resultantes de alterações patológicas. No entanto,  na percussão dígito-digital pode ser percebida a borda superior do baço, inclusive, nos pequenos aumentos de volumes (06 cm2).
- Parâmetro normal: o baço é de consistência mole, contorno liso, triangular e acompanha a concavidade do diafragma.

Problemas de enfermagem:
- Consistência mole e dolorosa: infecções agudas;
- Consistência dura e pouco dolorosa: esquistossomose, cirrose hepática, leucemias e linfomas.
Intestinos

Palpação profunda:
- Somente o ceco e o sigmóide são palpáveis devido à sua localização sobre o músculo psoas. Posicione-se à direita do paciente com as mãos paralelas fletidas  em garra. Na expiração penetrar com as mãos ao nível da cicatriz umbilical até o músculo psoas. Deslizar as mãos obliquamente em direção à região inguinal direita. Se o paciente referir dor após essa manobra, poderá apresentar sinal de Blumberg positivo. Repita no lado esquerdo para palpação do sigmóide, indicando presença  de fecaloma.
- Parâmetro normal: o ceco possui a forma de pera, é móvel e apresenta gargarejos. O apêndice vermiforme está posicionado à base do ceco, não sendo possível sua palpação.

Problemas de enfermagem:
- Dor na região inguinal direita: apendicite;
- Pressão ou irritação química inibem a peristalce e excitam a válvula íleocecal.
- Parâmetro normal: o sigmóide está ao nível da crista ilíaca, curva-se para trás continuando com o reto, onde as fezes ficam acumuladas até a defecação.
- Enterite: dor, flatulências, diarréias, desidratação, enterorragia;
- Hábito irregular de alimentação: constipação;
- Oclusão intestinal: tumor, aderência, verminoses, volvo, hérnia estranguladora.

Fígado

Palpação profunda:
- Deve-se permanecer à direita do tórax do paciente com o dorso voltado para sua cabeceira. Colocar as mãos paralelas com os dedos fletidos em garras, desde a linha axilar anterior deslizando cuidadosamente do hipocôndrio direito até o hipocôndrio esquerdo. Solicita-se ao paciente para inspirar profundamente pois, nesta fase, devido ao impulso diafragmático, o fígado desce facilitando a palpação da borda hepática.
- Parâmetro normal: pode ou não ser palpável, é macio, tem superfície lisa e borda fina. O limite inferior não excede a dois ou três dedos transversos abaixo da  reborda costal.

Problemas de enfermagem:
- Não palpável: cirrose hepática avançada (hipotrofia do fígado);
- Palpável: hepatopatias (hepatites, colecistite aguda, tumor);

- Extra-hepática: enfisema pulmonar pressiona o fígado.


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